domingo, 25 de março de 2012

Os Libertários no AR


José Guilherme Castro

Com uma outra comunicação “Um outro mundo é possível”                                                                                                  

Apesar de Minas Gerais ser o estado brasileiro com o maior número de municípios, o segundo em população e economia, e de nossa capital ser a terceira cidade mais importante do país, fazemos parte dos mais de 5 mil municípios brasileiros retransmissores da mídia oficial sediada no Rio de Janeiro e São Paulo. Que por sinal são retransmissores, não só do jornalismo e da programação, como também da estética, conteúdo, formato e linguagem da mídia estadunidense e européia .


Há cinco anos atrás tínhamos pouco mais de 3.200 rádios autorizadas operando em cerca de 1.500 cidades brasileiras. Nesta mesma época, eram 2 mil emissoras de baixa potência em funcionamento, com uma grade de programação de menos de 10 horas diárias em aproximadamente mil municípios.

Nestes cinco anos, um pequeno número de novas rádios autorizadas entraram no ar, enquanto mais de 15 mil emissoras de baixa potência foram instaladas em cerca de 4 mil municípios, com mais de 15 horas de programação ao vivo todos os dias. Este fato está tornando o Brasil uma das poucas nações, senão a única, que nos últimos 5 anos vem vivendo uma profunda transformação em seu sistema de radiodifusão.

As emissoras de baixa potência, apesar de possuírem endereços fixos, estatutos e alvará de funcionamento, estão sendo colocadas na clandestinidade,  e na ilegalidade. São perseguidas de forma criminosa por governantes corruptos, imorais e comprometidos com os interesses internacionais. Só no último (1993 a 1996) período foram fechadas - lacradas, segundo o ministro das comunicações - mais de 5 mil rádios.

Em média cada emissora gera 10 postos de trabalho diretos, um número incalculável de empregos indiretos, e, cada vez mais, estas rádios são  legitimados pela comunidade. Esse fenômeno que ocorre de modo irreversível se deve não só ao fato da apropriação tecnológica em larga escala por diversos segmentos da população, como também porque são essas emissoras o espaço onde a publicidade e o intercâmbio das atividades políticas, econômicas, sociais e culturais começam a possibilitar o autodesenvolvimento das comunidades.

Grande parte dessas emissoras representam o mais importante instrumentos de organização da comunidade, além da solução de emergências diárias, como ambulâncias, localização de parentes desaparecidos, informações sobre campanhas de saúde, mobilização da comunidade em casos de calamidades, segurança, etc.

     BH a capital da ousadia

A liberdade de expressão foi e é cultivada por muitos moradores de nossa cidade, tornando Belo Horizonte um dos principais palcos de eventos e ações concretas em defesa da democratização da radiodifusão no país. O professor Guy de Almeida, a socialista Helena Greco, o jornalista Luiz Carlos Bernardes, o juiz Edvaldo Farias, o cartunista Nilson Azevedo, as professoras Regina Mota e Sandra Freitas, professor Wemensom  de Amorim entre muitas e muitos outros são nossos vizinhos.

A partir de maio próximo, a ousadia da nossa cidade será mostrada nas telas de cinema, em vários países, com o longa metragem “Uma onda no ar” do cineasta Helvécio Ratton, que focaliza a comunicação livre e popular de BH, Minas e Brasil.

Fomos a primeira cidade da América do Sul a instalar uma rádio FM estéreo; a primeira capital do país que colocou em operação o sistema de tv a cabo; a TV Cultura Serra Verde foi a primeira TV comunitária de sinal aberto UHF  a funcionar em uma capital; o estatuto da ACIP-Associação Comunitária de Informação Popular, foi também o primeiro onde se assegurou aos movimentos sociais da cidade ocupar o canal comunitário a cabo; e desde fevereiro de 2000 estamos construindo o Sistema Independente de Comunicação José Roberto Rezende.

A Rádio Favela FM fica na Serra do Curral, a Rádio União FM está no Aglomerado Santa Lúcia, a Rádio Santé FM vai ficar na Rádio Pirata FM, as Rádios Lagoinha FM, Taquaril FM, Savassi FM, Filadélfia FM, Venda Nova FM, Lurdes FM, Califórnia FM, Cidade Nova FM, Santa Monica FM estão localizadas nos seus respectivos bairros. Mas existem muitas outras espalhadas pela cidade, entre elas a Rádio Brasil FM, a Rádio Satélite FM, a Rádio Avalanta FM, a Rádio Europa FM, a Rádio Integração FM, a Rádio Vida Nova FM, a Rádio Vitória FM, a Rádio Periferia FM, a Rádio Impacto FM, a Rádio Tropical FM, a Rádio Conexão Vida  FM, a Rádio Caratinga FM, a Rádio Comunitária FM, a Rádio Central FM, a Rádio Memorial FM, a Rádio Missão FM, a Rádio Cidade Livre FM, a Rádio Nova Geração FM, a Rádio Lua Nova FM, a Rádio Aliança FM, a Rádio Sintonia FM, a Rádio Alternativa FM.

A ABRAÇO MG-Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária de Minas Gerais estará articulando com as emissoras acima, outras emissoras livres e comunitárias da cidade, entidades, movimentos sociais, sindicatos, artistas, intelectuais, autoridades e cidadãos, o apoio e a potencialização do sistema de radiodifusão  público, comunitário e livre de Belo Horizonte, realizar o Ato Político e Cultural em Defesa da Liberdade de Expressão e da Radiodifusão Comunitária e livre, a reestruturação do Comitê Mineiro do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação.

José Guilherme Castro
Presidente ABRAÇO-Minas
20/outubro/2001
Carta distribuída Congresso de Fundação da ABRAÇO BH
ABRAÇO Associação  Brasileira de Radiodifusão  Comunitária    
Av. Afonso Pena, 1500 / 18o-BH-MG Cep: 30 130 005- (31) 3274 7272 ou  9681 8250

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